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15/08/2019

Entenda como funciona a ciência ABA para crianças com autismo

Hoje, vamos falar sobre a ABA aplicado para pessoas que possuem ou não o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Esta ciência tem o objetivo de ensinar comportamentos adaptativos e reduzir comportamentos que tragam prejuízo para si mesmos, isto pode ser feito com adolescentes e adultos, para que se desenvolvam melhor, tornem-se mais independentes e tenham mais qualidade de vida.

A sigla ABA – Análise do Comportamento Aplicada vem do inglês Applied Behavior Analysis. Após muitos estudos e pesquisas, em 1987, o psicólogo norueguês Ole Ivar Loaas publicou um documento comprovando a eficácia dessa ciência, abrindo portas para a sua aplicação pelo mundo.

Esta ciência parte do pressuposto, bem demonstrado, de que o comportamento de um ser humano é influenciado pelo ambiente e pela aprendizagem e que, portanto, pode ser controlado e modificado.

A partir deste conceito, o profissional avalia o indivíduo, define metas e mensura os resultados periodicamente, tudo isso se baseando nos conhecimentos da Análise do Comportamento.

Para entender melhor o assunto, eu tive o prazer de conversar com Lucelmo Lacerda, Doutor em Educação, Pós-Doutorando em Educação Especial pela UFSCar, especialista em Educação Especial, Inclusiva e Políticas de Inclusão, coordenador nacional do Núcleo de Atenção ao Transtorno do Espectro Autista – NATEA e autor do livro “Transtorno do Espectro Autista: uma brevíssima introdução”.

Pai de um menino com autismo, ele me contou que não tinha o menor interesse na ciência ABA, mas passou a mergulhar no assunto depois do diagnóstico do filho.

Como funciona a ciência ABA?

Para começar, Lucelmo nos explica que ABA é uma ciência e não um método. Isso porque método é uma receita engessada, enquanto a ciência é um conjunto de princípios, como Química e Física, e parte do princípio de que todas as pessoas podem aprender, sem exceção.

“Um exemplo: a mãe chega para mim e fala que a criança não aprende e que a única coisa que faz é bater a cabeça. Mas ela aprendeu esse comportamento, certo? Não nasceu batendo a cabeça! Então, eu vou entender como a criança aprendeu esse comportamento prejudicial e vou usar a mesma metodologia para ensinar a ela o que realmente precisa aprender”, explica Lucelmo.

Ou seja, existe um aporte científico para auxiliar o profissional a entender como aquele indivíduo aprende e aí é formulado um procedimento com base nisso.

Por isso, nunca vai existir uma intervenção que sirva para duas pessoas. “O profissional estuda o indivíduo para definir como vai ensinar o que esse indivíduo especificamente precisa aprender”, esclarece.

E completa: “Cada criança aprende de um jeito e no seu ritmo. Mas a intervenção que consegue extrair o máximo da potencialidade do indivíduo é a ABA.”

Qual a diferença entre ABA e TEACCH?

Lucelmo esclarece que o TEACCH é um programa que deriva da ABA e da psicolinguística e prepara o ambiente de ensino para pessoas com autismo. É uma parte do processo. Já a ABA é algo mais amplo, porque abrange todos os aspectos da vida de um indivíduo, ou seja, faz uma avaliação global.

“Na Aba são avaliados quais os comportamentos que estão em déficit, ou seja, aqueles que o indivíduo não faz ou faz menos do que deveria. Como qualquer comportamento pode ser ensinado. A intervenção ABA ajuda neste processo para o profissional ensinar a habilidade que o indivíduo precisa aprender ou potencializar”, diz.

O professor lembra ainda que a Aba também mostra ao profissional como ensinar o indivíduo a evitar comportamentos que estão em excesso, pois causam prejuízos ao indivíduo, como bater a cabeça na parede ou andar na ponta dos pés.

Como é feito a avaliação para aplicação da ABA?

Lucelmo esclarece que o TEACCH é um programa que deriva da ABA e da psicolinguística e prepara o ambiente de ensino para pessoas com autismo. É uma parte do processo. Já a ABA é algo mais amplo, porque abrange todos os aspectos da vida de um indivíduo, ou seja, faz uma avaliação global.

“Na Aba são avaliados quais os comportamentos que estão em déficit, ou seja, aqueles que o indivíduo não faz ou faz menos do que deveria. Como qualquer comportamento pode ser ensinado. A intervenção ABA ajuda neste processo para o profissional ensinar a habilidade que o indivíduo precisa aprender ou potencializar”, diz.

O professor lembra ainda que a Aba também mostra ao profissional como ensinar o indivíduo a evitar comportamentos que estão em excesso, pois causam prejuízos ao indivíduo, como bater a cabeça na parede ou andar na ponta dos pés.

Como é feito a avaliação para aplicação da ABA?

Quando se fala em autismo, mesmo antes do diagnóstico, é possível começar a aplicar a ABA. Quanto mais cedo, melhor. E não tem limite de idade. Lucelmo, inclusive, cita o caso do garoto Breno, contado no documentário “Em um mundo interior”. O rapaz tinha 29 anos, estava numa jaula há 11 e com seis meses de ABA ele muda completamente.

LEIA MAIS: O papel do neuropediatra no diagnóstico de TEA

Por isso, Lucelmo ressalta que a anamnese é essencial e dará uma série de subsídios para o profissional entender os elementos que levam aos comportamentos apresentados pelo indivíduo e o que vai utilizar para produzir novos comportamentos.

Todos os resultados em ABA são medidos continuamente e há sempre a supervisão do aplicador com alguém mais experiente (semanalmente, de preferência), identificando se o indivíduo alcançou os objetivos, ou não, se os programas estão trazendo resultados e tomando decisões com base nesses dados.

“Vou dar como exemplo uma criança que não fala, cujo objetivo traçado é nomear 10 objetos que existem na casa dela. Então, eu vou chegar na casa dela e perguntar: ‘O que é isso? E isso?’ Se hoje ela me disser 10, amanhã eu vou querer que ela fale 11. Ou seja, eu sempre vou estabelecer novas metas, querer que a criança avance conforme a velocidade de aprendizado dela”, explica Lucelmo.

O tempo de implementação da ABA varia muito. Lucelmo conta que os especialistas falam muito em 40 horas, que é considerado um tempo ideal para casos mais complicados, intensivos ou precoces. Mas este tempo varia de acordo com os objetivos.

“Uma pessoa com Síndrome de Asperger, mas com dificuldades sociais, pode receber intervenção de seis horas, por exemplo. As de 40 horas são mais usadas quando se quer avaliar todas as habilidades, o que, inclusive, é o tipo de intervenção que oferece mais efeito, principalmente na idade precoce.”

Quem pode aplicar a ABA?

Aqui no Brasil não há uma regulamentação sobre quem aplica a Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

Nos Estados Unidos, quem avalia e planeja a intervenção tem pelo menos uma pós-graduação e é supervisionado por alguém com mais experiência, com mestrado ou doutorado na área, por exemplo. Já quem aplica precisa passar por uma formação de 40 horas, sendo treinado para o caso daquela criança.

Na condição de educador e pai, Lucelmo ressalta: “Os pais são o centro do processo e precisam ser formados e muito bem treinados para fazerem parte do processo. Quando se fala em intervenção em ABA é necessário adotar o princípio da transparência, e os pais são parte de tudo, senão não é ABA.”

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Sendo assim, os pais são treinados com base em um método chamado Treino de Habilidades Comportamentais. E, dependendo do tipo de intervenção, um profissional específico é chamado. Se for uma atividade física, por exemplo, um professor de Educação Física entra no processo.

O ideal mesmo é que todos os profissionais que trabalham com a pessoa com autismo tenham essa formação em ABA. Dessa forma podem avaliá-la, definir objetivos específicos e treinar o aplicador para que ele aplique a ciência.

Diferentes aplicações da Análise do Comportamento Aplicada

Lucelmo conclui dizendo que a ciência ABA é a mais evidente com base nos estudos e práticas que pais e profissionais têm em mãos hoje. Mas isso não significa que outras intervenções e métodos utilizados pelos profissionais não funcionem.

“Eu acho que é possível utilizar outras ciências e métodos incluindo as dimensões de ABA, que são o trabalho transparente, a base que vem da literatura científica, a medição correta e frequente de todos os resultados e a análise da relação do ambiente com o comportamento. Isso vai fazer com que todos aprendam juntos para tornar o trabalho ainda mais eficaz.”

Gostou do meu artigo sobre a ciência ABA? Espero que sim! Caso haja algum assunto relacionado ao autismo que você tenha dúvidas, use o espaço dos comentários para deixar sua sugestão. E fique à vontade para compartilhar nossos materiais nas redes sociais!

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