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16/11/2017

Autismo na adolescência e fase adulta

É na infância que geralmente o autismo é diagnosticado. Sabemos que, se houver o acompanhamento e o desenvolvimento adequados, a criança pode ganhar independência e fazer suas atividades de rotina com muita autonomia. Mas o que pouco se fala é sobre o autismo na adolescência.

Como professor de educação física, estou sempre em busca de novas práticas relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista, seja para crianças, adolescentes ou adultos.

No mês passado, durante a minha experiência como voluntario no Els For Autism, nos Estados Unidos, um centro especializado em autismo, conheci mais profundamente algumas técnicas que ainda não são tão utilizadas aqui no Brasil. Leia neste artigo como foi a viagem.

Uma das coisas que mais me chamaram a atenção no Els foi o fato de trabalhar mais a fundo as habilidades dos adolescentes com tarefas do dia a dia, afinal, esta é uma grande preocupação dos pais e mães: que os filhos tenham total autonomia na fase adulta da vida.

Lá no Els, os alunos fazem as atividades dentro de um ambiente que estimula por completo as habilidades sociais. Os adolescentes ficam em uma sala bem equipada, com sofás, cama, cozinha e utensílios, na qual poderão praticar atividades cotidianas e que, ao mesmo tempo, estimulem o desenvolvimento.

Na prática, uma turma de adolescentes ajuda a preparar a comida e a outra serve os pratos. Essas atividades e divisões certamente ajudam muito em diversos fatores de interação social e responsabilidades que serão muito bem-vindos na fase adulta.

Já para as pessoas um pouco mais velhas, existem alguns programas extracurriculares mais avançados, para que o adolescente, após todo o período de desenvolvimento inicial no centro, possa continuar frequentando o espaço e evoluindo ainda mais.

Assim, na fase adulta, o aluno participa de atividades adaptadas à sua faixa etária, de modo que continue desenvolvendo as habilidades necessárias para o seu cotidiano. Entre as aulas destinadas aos alunos mais velhos estão exercícios de circuito, onde os alunos passam por algumas estações e obstáculos durante a atividade, além da prática de esportes como o golfe, onde tive a oportunidade de trabalhar com alunos entre 18 até 55 anos de idade. Muito legal!

Autismo na adolescência, infância e fase adulta

Apesar de haver atividades mais focadas para os alunos adolescentes e adultos, uma das práticas já regulamentadas no Els é a de que, em uma mesma turma de alunos, podemos encontrar níveis diferentes do TEA, mas todos fazem o mesmo exercício. O que muda é o grau de auxílio que os alunos recebem dos professores.

Essas técnicas são muito úteis no cronograma de aulas, principalmente quando se tratam de crianças e adolescentes. O que me chamou muita atenção foi o apoio que os alunos recebem dos próprios colegas de classe, como por exemplo, comemorar quando alguém consegue executar uma atividade.

Sabemos que o tratamento com foco no desenvolvimento da pessoa com autismo requer uma série de cuidados, independente da fase da vida em que ela se encontra. Alguns pontos, porém, podem ser adaptados ao longo do processo.

As atividades com crianças, por exemplo, são bem mais lúdicas. Em geral, os exercícios têm um tom de brincadeira, com circuitos e atividades mais simples, sempre orientados com instruções curtas e concisas no modo de falar e no contato visual.

Já quando se trata do autismo na adolescência e na fase adulta, as atividades podem ser mais intensificadas, com exercícios bem mais específicos e funcionais.

É claro que o grau de autismo também influencia muito nessa questão, e o acompanhamento da equipe multidisciplinar é sempre fundamental.

Espero que tenha gostado do nosso tema de hoje. Se quiser sugerir algum assunto, deixe sua mensagem aqui nos comentários. Não se esqueça também de nos acompanhar e compartilhar nossas dicas em suas redes sociais. Obrigado e até a próxima!

Veja mais: Inclusão escolar de alunos com autismo

One Comment on “Autismo na adolescência e fase adulta

Vanessa Gomes de Oliveira
14/01/2020 em 13:30

Conteúdo muito bem explicado, e muito útil. Enriquecedor.

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