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11/07/2017

10 Mitos e Verdades sobre o Autismo Infantil

Autismo Infantil

Quem convive ou trabalha com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), como eu, sabe que muitas vezes esbarramos no preconceito ou em falsas informações sobre o autismo infantil.

Por isso, resolvi escrever este artigo para mostrar um pouco de mitos e verdades sobre o assunto.

Apesar do elevado número de casos de autismo infantil – uma a cada 68 crianças são diagnosticadas com TEA só nos Estados Unidos –, ainda há informações desencontradas ou que não correspondem à realidade.

Outras vezes, por desconhecimento, alguns pais e mães e até mesmo profissionais não conseguem identificar o autismo infantil, retardando o diagnóstico e atrasando também as ações para auxiliar no desenvolvimento da criança.

Então vamos ao primeiro ponto:

Autismo Infantil: Mitos e Verdades

  1. Autismo é doença. MITO!

Autismo não é doença. É um conjunto de características que afeta o desenvolvimento do indivíduo no âmbito comportamental, dificultando sua capacidade de interação social e adaptação ao meio em que vive.

  1. Não dá para saber se meu bebê tem autismo. MITO!

Na maioria dos casos, o autismo pode ser identificado desde os primeiros meses, já que se manifesta nos primeiros três anos de vida. Os próprios pais podem observar indícios como do autismo infantil quando o bebê não olhar quando for chamado, não interagir com brincadeiras ou mesmo durante a amamentação e se mostrar dificuldade em estabelecer ou manter um contato visual com outras pessoas.

Outras características que também podem indicar a presença do transtorno é quando a criança não responde quando chamada pelo nome, repetir movimentos muitas vezes, como balançar o tempo todo as mãos, mostrar fixação em certos objetos e apresentar hipersensibilidade a sons e odores.

Se os pais identificarem algum comportamento como esses, vale procurar ajuda especializada para identificar o transtorno e, se for o caso, iniciar o tratamento.

  1. Autismo infantil só acontece em meninos. MITO!

O autismo infantil tem maior incidência em meninos, mas pode ocorrer em meninas também. A proporção é de que o TEA acontece quatro vezes mais em crianças do sexo masculino com relação ao sexo feminino.

  1. Existem diferentes graus de autismo. VERDADE!

O Transtorno do Espectro Autista, justamente devido ao grande número de caraterísticas que agrega, é dividido em diversos níveis de severidade. Entre estes níveis, podemos encontrar três principais: o leve, moderado e o severo. Vamos exemplificar brevemente cada um deles.

Autismo Leve: é aquele em que há pequeno número de sintomas ou em nível reduzido. Neste caso, a criança diagnosticada com autismo infantil de grau leve geralmente consegue levar uma vida próxima ao comum. Os sintomas variam de problemas de comunicação à padrões de repetição de movimentos, além da dificuldade em olhar outra pessoa nos olhos.

Autismo Moderado: o autismo infantil em um grau moderado já apresenta dificuldades mais acentuadas de comunicação, sendo elas verbais ou não. Essa restrição limita consequentemente a interação com outras pessoas, portanto o indivíduo necessita de maior apoio, se comparado ao paciente diagnosticado com autismo leve. Outro ponto importante é que a criança tem uma certa dificuldade em lidar com mudanças de rotina, até mesmo com alterações simples, como um novo alimento, por exemplo.

Autismo Severo: já em seu grau mais severo, a criança demonstra mais dificuldade em seu cotidiano, e em intensidade muito maior. Desta forma, o indivíduo tem grande necessidade de apoio, pois as dificuldades de adaptação à sociedade são bem acentuadas. Neste ponto, há casos onde a fala é extremamente comprometida, além de apresentar um comportamento agressivo em determinadas situações. Todas essas características são agravadas quando não é realizado o tratamento adequado.

  1. A criança com autismo vive em outro mundo. MITO!

Isso não é verdade. O que acontece é que a criança com autismo convive com as pessoas de forma diferente, com maior dificuldade de interação social e de comunicação, o que muitas vezes gera maior isolamento.

Por isso, o apoio dos pais e as ações terapêuticas são tão importantes, para inserir a criança de forma mais participativa na sociedade e com mais independência, confiança e autonomia.

  1. O autista tem inteligência acima da média. MITO!

Cada criança com autismo apresenta diferentes características e habilidades diferentes, inclusive na questão intelectual. Portanto, cada um é de um jeito e não se pode generalizar. Como em toda a sociedade, existe uma parcela que pode apresentar um intelecto acima da média, mostrando capacidades maiores especialmente para a matemática, pintura ou música, por exemplo.

  1. A criança autista não gosta de ser tocada. DEPENDE!

Não é uma regra. Existem crianças com autismo que são hipersensíveis ao toque de outras pessoas e efetivamente não gostam de muito contato. Porém, outra parte tem dificuldade de se expressar ao receber um carinho. Alguns podem gritar ou se mostrarem mais incomodados por simplesmente não saberem como agir neste tipo de situação.

  1. Não sabemos ao certo as causas do autismo infantil. VERDADE!

O Transtorno do Espectro Autista ainda não tem causas muito bem definidas. No entanto, o consenso entre os especialistas é que o autismo está, na grande maioria dos casos, relacionado à genética (90%), enquanto os 10% restantes estão ligados a fatores do ambiente.

Isso significa que o transtorno pode ser transmitido dos pais para o filho ou por mutações espontâneas que acontecem no momento da divisão celular. Por isso, se uma família já tem uma criança com autismo, a chance de o segundo filho também nascer com TEA são grandes.

autismo infantil natação

  1. Autismo infantil não tem tratamento. MITO!

Com a possibilidade de identificação do autismo infantil já nos primeiros meses de vida, é essencial começar o tratamento para ajudar a criança a se desenvolver da melhor maneira possível.

O mais indicado é que esse tratamento seja feito por uma equipe multidisciplinar, com fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, educadores e professores de educação física, que é a minha especialidade. Todas as atividades desenvolvidas visam melhorar as capacidades corporais e intelectuais, além da interação social.

Como se trata de um transtorno muito heterogêneo, os profissionais que cuidam da criança vão indicar um tratamento individualizado, com atividades específicas para cada uma, além de acompanhar de perto a evolução de cada caso.

Ainda não há cura para autismo, mas com tratamento adequado e iniciado o mais precocemente possível é possível obter resultados significativos na redução do nível de alguns sintomas, melhorar a capacidade de interação social e a comunicação, para que a criança chegue à idade adulta adaptada, com boa qualidade de vida e de maneira independente.

Para os pais e responsáveis, é extremamente importante se preparar e receber orientação especializada para ajudar ao máximo o desenvolvimento da criança com autismo.

  1. A criança com autismo não pode praticar esporte. MITO!

Essa é uma grande mentira! Ao contrário, é muito recomendado que todas as crianças, inclusive as portadoras do TEA, pratiquem atividade física regularmente.

No caso do autismo infantil, a prática de esportes é ainda mais importante, já que boa parte tem dificuldades de coordenação motora. Sendo assim, atividades como natação, basquete, futebol, bicicleta, corrida, entre outras, ajudam não somente nas habilidades motoras, como também melhora as funções cognitivas, a atenção, o equilíbrio e até mesmo a autoestima da criança, porque ela consegue se tornar mais independente no dia a dia.

Como especialista na área, posso dizer que o ideal é que a prática de tais atividades seja desenvolvida e ministrada por um professor de educação física. Ele vai conduzir o trabalho com práticas que realmente vão contribuir para melhorar o fortalecimento corporal, a comunicação e a socialização das crianças com transtorno do espectro autista.

É válido ressaltar também que não existem restrições quanto a quais práticas esportivas podem ser incorporadas à rotina da criança. Atividades como natação, basquete ou futebol são ótimas, além de atividades físicas específicas como subir escadas, fazer saltos e circuitos de corrida.

Se você quiser saber mais sobre como o esporte pode contribuir para o tratamento do autismo infantil, clique AQUI e confira.

Espero ter ajudado você com informações úteis e tirado algumas dúvidas também.

Aliás, gostaria muito que você deixasse um comentário aqui no blog, seja com alguma outra dúvida relacionada ao tema ou até mesmo deixando sua opinião sobre este artigo.

Ah, compartilhe este artigo nas redes sociais! Seu feedback é o meu combustível para seguir em frente com este trabalho e ajudar outras pessoas assim como você.

LEIA MAIS: Natação para Crianças com Autismo

8 Comments on “10 Mitos e Verdades sobre o Autismo Infantil

Gisela
13/07/2017 em 00:03

Boa noite adorei o conteúdo, mas gostaria de saber ou melhor sou educadora tenho um aluno, com síndrome de down é autista. Sendo que faz cinco meses que trabalho com esta criança sempre chora. O que devo fazer????

Responder
Tiago Toledo
13/07/2017 em 06:51

Olá Gisele, tudo bem?

Que bacana ver seu comentário! Para que eu possa tentar te ajudar, por favor, envie um e-mail para contato@esporteeinclusao.com.br que falamos por lá, ok.

Abraço
Tiago

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Vera lucia de oliveira
13/07/2017 em 17:31

Tenho 50 anos. Trabalho na area de saude e observo.muito comportamentos e leio sobre o assunto. As vezes penso que tenho altismo leve…como posso saber disso.existem testes. Eu mesmo percebo alguns comportamentos que identificam com as coisas que leio e observo…como por exemplo…alguns gestos repetitivos e dificuldade de relacionar e completar tarefas.Me indica algum livro.ou atendimento

Responder
Tiago Toledo
17/07/2017 em 10:06

Olá Vera, tudo bem? Muito bom ver seu comentário, para que eu possa de alguma forma te ajudar, por favor, envie um e-mail para contato@esporteeinclusao.com.br que falamos por lá, ok.

Abraços
Tiago

Ps. Pode ser que eu demore um pouco, pois estou em Cuba para um treinamento, ok. 🙂

Responder
Rosangela almeida
18/08/2017 em 16:57

Boa tarde!meu filho é TDAH e autismo leve, gostaria de saber se o mais indicado é o judô ou outro tipo de luta
Obg

Responder
Tiago Toledo
29/08/2017 em 22:33

Olá, Rosangela! O judô é um excelente esporte e pode beneficiar muito o seu filho. Na minha opinião, não existe uma modalidade de luta específica para crianças com TDAH ou TEA. Eu indico todas as modalidades, independentemente da que ele fizer, a aula tem que ser prazerosa para ele. O professor irá explorar as potencialidades dele, e ele vai aproveitar e se divertir muito na aula. Ah, também certifique-se da qualificação do professor. É sempre bom fazer uma aula teste e uma adaptação até a atividade física fazer parte da rotina dele.
Espero ter ajudado! Abraços

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Adalgiza Campos Balieiro
01/01/2021 em 14:45

Bom dia, Tiago.
Sou educadora. Trabalho em uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Tem chamado nossa atenção a chegada à escola de muitas crianças com “dificuldades” de adaptação ao trabalho escolar embora os pais apontem dificuldades mais amplas de seus filhos à uma vida dita por eles, “normal”. Temos sentido que os “transtornos de espectro autista” se abre em um leque de muitas expressões e cresce o número de crianças “ainda sem diagnóstico” para suas dificuldades. Acompanhei suas considerações e encaminhamentos. Em todos você demonstra aprimorado conhecimento, valiosa experiência e muita sensibilidade, parabéns. Estou me questionando quanto a inserção dessas crianças nos padrões de trabalho fixados para crianças sem qualquer necessidade especial, considerando que qualquer deles pode oferecer benefícios a elas, porquanto mal, não façam. Não seria interessante “fugir” dos padrões, considerando que essas crianças não se “encaixam” neles? Sou um ponto fora da curva mas, penso, será que essa curva não precisa ser revisitada? Se puder me ajudar a pensar, aguardo resposta.
Sempre grata,
Adalgiza

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Tiago Toledo
01/01/2021 em 15:54

Muito obrigado!!! Realmente o número de crianças com algum tipo de dificuldade no aprendizado está aumentando bastante nas escolas, eu conheço algumas escolas que adaptaram o.modo de ensino para esses alunos e saíram do que podemos chamar do padrão de ensino, na minha opinião a escola tem qge adaptar o modo se ensinar esses alunos e não os alunos terem qte mudar o modo de aprender para acompanharem o ritmo da escola. Mais uma vez muito obrigado por compartilhar as informações!!!

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